Verbal
Minha forma aniquilada de me expressar
Natural
Palavras rastejantes
Agonizando
Entre meus dentes e língua
Meu mundo de verbos sujeitos e saliva
Meu contratempo indigesto
Perdendo tempo
Perdendo vida
Em um constante retrocesso
Arquivando meus sonhos
Vivendo nas sombras de um passado bom
Mas e o presente?
Onde esta?
Não existe nada pra mim alem da janela
O céu nublado me inspira a apertar ainda mais as correntes que me prendem
Aqui dentro me lembro
Do tempo em que nenhuma corrente poderia me segurar
Aqui dentro me lembro
De todos os mãches dados
De todo protesto berrado
E dos dedos esfolados
Enrolados em esparadrapo
Aqui sinto o cheiro da pizza de ontem
Calabresa e orégano
E nessa falta do que sentir
Sinto náuseas
Sinto uma constante agonia
E um grito entalado na minha garganta me sufoca
Foda-se
Vai chover
A chuva não pode parar o show
O show continua
Sem mim