Palavras
São tudo que eu tenho
Falar e escrever
São as únicas coisas que eu posso fazer
É tudo tão rarefeito por aqui
De intenso só tem a saudade
E a vontade de descobrir
A formula mágica pra te fazer feliz
O caminho que me leve ate você
Mesmo que seja esburacado e cheio de pedras

Por mais que eu fale
As vezes acho que nem todo o vocabulário do mundo seria o suficiente
Posso mudar a fonte da letra e a cor
Posso mudar o tom de voz
Mas não posso mudar o que esta feito
Mesmo assim quero falar
Mesmo que seja pra convencer a mim mesmo
Mais uma vez
De tudo que eu já me convenci a muito tempo
Quero falar
Olhando nos seus olhos
Que eu quero você pra mim
Dês do momento que eu acordo
Ate a hora que vou dormir
E ate nos meus sonhos
Nas letras das musicas
Nas historias dos livros
Tudo reflete essa vontade de forma inevitável
Eu quero tirar do seu rosto qualquer semblante de tristeza e decepção
Eu quero ver seu sorriso
E o brilho dos seus olhos que sempre olham pro nada
Eu quero ouvir sua voz
Sentir seu cheiro
Eu quero esquecer o passado junto com você
Eu quero você no meu presente
E no meu futuro
E mesmo depôs que não houver mais nenhum futuro
Ainda te quero
Pela eternidade
Mesmo sem saber pra onde vamos
Quero que contem nossa historia
Como exemplo de amor que deu certo
Mas a cima de tudo
Quero saber o que você quer
Qual é seu sonho?
Seu desejo?
O que você quer relembrar?
O que você quer esquecer?
Quero saber
Se posso realizar
Mesmo que custe todos os dias da minha vida 

Vou colocar assim
Na maior parte do tempo
Eu sou Marcelo Camelo
As letras do Camelo são revoltadas
Revoltadas com a humanidade
Com uma humanidade cada vez mais mesquinha e superficial

Mas hoje eu acordei meio Amarantes
Pois é
Não sei se isso é bom ou ruim
Francamente acho ele bem mais genial
mas é uma cara que eu não invejo
as letras dele são revoltadas também
mas é quase sempre uma revolta de si próprio

é exatamente assim que eu to agora
revoltado comigo mesmo
por sempre guardar pra mim o que eu tenho de melhor
e mostrar pra quem eu gosto
só minha parte ruim

hoje sou puro arrependimento
espero que seja só hoje


Aqui jaz um coração partido
Perdido entro outros órgãos
Nenhum deles intactos
Pulmões pintados pelo cigarro
Fígado e rins ressecados
Por litros e mais litros
Do puro run destilado
Em barris de carvalho

Aqui bate um coração dolorido
Mais que qualquer outra parte do corpo
Por saber que bate mesmo morto
por saber que ainda tem que funcionar
por saber que abita um peito
de um sujeito que já não sonha mais

aqui bate no compasso
um coração descompassado
cada batida com todo cuidado
agora sem ter pra quem dedicar
aqui bate um coração
que não sabe pra onde olhar
Fluente é a língua do burro
Seguro de suas idéias
Com a convicção de que o mundo e tudo a sua volta gira perfeitamente
Conseqüentemente são felizes aqueles que não pensam
Que não se permitem, que não se convencem de que ah algo errado
A doce ilusão é uma mãe generosa
Mas tem vida curta
Como uma rã em um ninho de cobras

Outros preferem encarar a verdade
A realidade de que ninguém é feliz por mas que se considere
A realidade de que sempre falte alguma coisa, por mais que a gente não saiba o que seja
A afirmação triste e desolada por trás de tantas perguntas infundadas e sem ligação umas com as outras

Preferimos ser assim. Distanciar-nos dos vermes
Micróbios , parasitas que se alimentam dos nossos pesares e da nossa tristeza  conformada
Preferimos não sorrir, ser diferentes, Cantar diferente
Ouvir de forma diferente a mesma musica que eles
Preferimos não lamentar, Não chorar os desafetos da vida
Das vidas esquecidas que se vão, sem vestígio algum
Preferimos não pensar em escudos pra nos proteger
Pois que venha a insegurança
E todos os infortúnios que ela pode trazer
Sairemos vivo, intactos, indefesos como entramos
Esperando a próxima onda de desventuras e breves prazeres
Esperamos as coisas acontecerem

Como cubos de gelo derretendo a cada dia
Em gotas de raiva e euforia
Indiferença
Pura e simples indiferença
No canto do olho
No verso pronto
No encontro entre os lábios
Na palavra sussurrada ao pé do ouvido
Na gota de chuva caindo
Nos comentários sem sentido
No meio minuto
No meio sorriso
Nem a metade do mundo entenderia
Isso que eu sinto
Nem a metade do vocabulário definiria
O que eu preciso
No fundo dos seus olhos
Nos olho que uso
No brilho dos olhos
Pareço confuso
Pareço tanta coisa que nem sei
Parece que errei
Gramática nunca foi meu forte
Nunca sei onde colocar o S e o C
Nunca sei em que categoria eu coloco você
Entre o verbo e a verdade
Entre o vicio e o visceral
Entre o meu sonho e o que é real
Entre o extraordinário e o normal

Onde será que você se em caixa perfeitamente ?
Adoro essa cidade
Esse povo mal educado
Que vive com um insulto na ponta da língua
Adoro essas praças sujas
E seus inúmeros viciados
Esparramados nos bancos e coretos
Esperando a morte lenta
Felizes
Entorpecidos
Adoro andar pelas ruas poluídas
Ouvir os comentários
O barulho dos carros
Os tiros e os gritos
Dizem que Rio de Janeiro é o caos
Eu digo que o Caos é Campos
Com seus altos prédios na beira de um Rio podre
Com seus suicidas
Sua vida própria
Fluindo agonizante nesse espelho de água suja
Adoro tudo isso
Todos os vermes pulsando e sugando tudo que á de bom
Toda a esperança
Todo pensamento livre
Adoro tudo isso
Assim como tudo que não me lembra você
Tudo que me faz te esquecer

Mas ainda adoro você