amor maldito amor

Da ferida meio aberta ainda escorre o sangue quente

No rosto ele tem estampado um sorriso de quem não entende o que aconteceu

Talvez por não saber que o erro tenha sido só seu

Acredita que se sente livre

Mas essa liberdade é uma utopia, uma lenda que ele conta pra si mesmo todos os dias

E por mais que ele tente tornar-la real

No fundo o que mais queria era estar prezo

Prezo a ela irreversivelmente, por correntes indestrutíveis, intransponíveis

Ele viveu a procura do mesmo sentimento, e por anos o considerou instinto

Ela por outro lado procurou algo novo, mas que nunca se igualava a tudo que tinham vividos juntos

Por fim foram infelizes para sempre

Cada um no seu mundo vazio e escuro

Lados opostos de uma mesma moeda sem valor algum

pra eles o outro lado

É lamentável

Olhar pra todos os lados e não encontrar nada que seja digno de atenção

E lamentável ver que todo esforço só rendeu espinhos venenosos

A felicidade incomoda como uma farpa no olho

Ninguém é capaz de ser indiferente a ela

Ela é caçada como uma erva daninha que precisa ser erradicada

Ser feliz é proibido em um mundo onde felicidade tem que ser uma utopia

Agradeço a cada um

Pela punhalada certeira na espinha

Pelo troco incoerente aos anos de abdicação e amizade sincera

Pelo voto de confiança negado

E pela inexplicável amnésia diante de tantas contra provas e de tantos fatos atenuantes

Da minha culpa sem o menor sentido

Levo dessa historia a certeza de que estou num buraco infestado de vermes

Alias

Nem posso chamar-los assim

Vermes se limitam a comer o que esta a sua volta

Deterioram a carne

E a torna adubo pra terra

Mas “a galera”

Nem pra isso eles servem

Se proliferam na inveja e nos dissabores

Se deliciam com o infortúnio dos outros

Principalmente daqueles que sempre deram motivos pra que a atitude fosse contraria

Em fim

Daqui não carrego nada

Alem de uma raiva contida

Em respeito a idéia em que eu acreditei por anos

Que mesmo sendo bruscamente contrariada

Ainda parece nobre

mais uma analogia

Um dia me perguntaram se eu realmente gostava dela

E eu falei:

-eu não gosto dela, eu a amo, ou melhor, não creio que seja amor

Ta mais pra um daqueles tumores malignos

Que ate podem ser removidos

Mas os riscos da cirurgia são tão altos

Que os médicos preferem deixar-lo no corpo do paciente

E tratar-lo com quimioterapia-

Mas tem algo em comum entre o tumor e o amor

Algo alem do final do nome

É que tanto um quanto o outro

Matam aos poucos

a musica não tem muito a ver, mas acho ela foda

Casa cheia

Mais um gole no vinho

Mais uma partida de bisca

Na TV o filme que eu já vi

Os casais se beijam

Os solteiros enchem a cara

O tempo passa

Nunca para

A lua em formato de sorriso

Não reflete nem um pouco o que eu sinto

Mais um gole de vinho

Mais uma partida perdida

Mais uma vez termina o filme

Repetido toda semana

Mas que todo mundo ama

As vezes eu queria ser assim

Como as velhas piadas do Chaves

Que todo mundo sabe de cór

Mas sempre acha graça

O tempo passa

E um novo dia nasce

E a lua se esconde

E volta sempre

Com um sorriso cada vez mais aberto

Mas é vc?

Por onde anda?

Esta por perto?

Esta sorrindo nesse momento?

Sei que esta no meu pensamento

Como o filme repetido

Que vai continuar sendo visto

Ate a vida útil do DVD chegar ao fim

Mas vc é diferente

Vc não tem prazo de validade pra mim

Procuro o sono
Entre uma crônica e outra
Nas musicas que tocam
nas horas que passam madrugada a dentro
o sono que se perdeu entre as duvidas
no meu medo dos pesadelos
que sempre me dizem verdades que eu não quero saber
procuro o sono
no pedaço de pizza e no suco de maracujá
tento digerir o marasmo de cada dia
e a falta do que falar
tento me convencer de que a rua vazia não significa
que minha vida também esta
procuro o sono
que você ajuda a tirar
e a cada segundo que passa
e meus olhos não se fecham
a vida se vai
e eu percebo cada vez mais
que o sono não vai chegar

mais um papo com a Kah que rendeu post

Creep diz:

to refletindo a musica do Zeca aqui

 o poder que um "eu te amo" tem

 acho que nunca vi uma musica descrever tão bem isso

 na primeira parte o sujeito ta acabado

 e depôs de uma declaração

de alguém que ta longe

 ele fica tão feliz

 que a felicidade mal cabe no peito

 é tão grande que ele quer dividir com todo mundo que ta em volta

 é contagioso

 tipo

 ele bate na porta do vizinho e deseja bom dia

 ai o vizinho fica feliz

 ele manda as flores pro delegado

 um delegado não deve receber flores com muita freqüência

 provavelmente deve ter ficado feliz também

 o português ta lah acordado dês das 3 da madrugada

 ai vem um freguês é da um bj nele

 ele também vai ficar feliz (ainda mais se for gay)

 e vai transmitir a felicidade pros outros clientes

 o vizinho vai mais feliz pro trabalho

 e vai tratar melhor os colegas

 que também vão ficar felizes

 o delegado vai chegar em casa menos estressado

 vai contar uma historia  pros filhos dormirem

 e eles vão acordar felizes no dia seguinte

 com vontade de fazer mais ou menos a mesma coisa que o cara da musica fez

 e assim

 por um simples "eu te amo"

 o mundo vira um lugar melhor

Kah. diz:

 é imagina se todos tivessem alguém pra dizer  todos os dias um "eu te amo"

 eu acho que o amor é injusto sim em vário sentidos, mas ele faz tanto bem

Creep diz:

 sim

 claro que a minha analogia é romântica ao estremo

 na vida real sempre tem alguém que quebra a corrente

Kah. diz:

 é, poderia ser assim sempre

eternamente insatisfeito

Antes eu sentia falta do frio

Sentia falta de colocar minhas roupas favoritas

Sentia falta do ótimo pretexto que o frio dava

Pra beber uma destilada

Ou pra ficar em casa debaixo das cobertas vendo um filme

Sentia falta do clima intimista que ele trazia

Sentia falta do jeito que o clima mudava o comportamento de todos

Mas o frio chegou

E eu percebi

O quanto são bobas todas as coisas de que sinto falta

pq sempre que elas vem

Eu começo a sentir falta do sol

Da praia

Do pretextos que o calor dava

Pra tomar uma cerveja

Descobri que sempre vou sentir falta de alguma coisa

É isso não pode ser suprido pelo clima, filmes ou bebidas

Na verdade eu sinto falta de algo muito maior

Muito mais significante que isso

Algo que por mais que eu queira

Eu não posso mais ter

Não vai vir com a próxima estação